dezembro 23, 2014

Colcha de Retalhos | #6


«O amor quer poupar ao outro, ao qual se consagra, todo sentimento de ser outro, e, portanto, é todo dissimulação e aproximação, está sempre enganando e fingindo uma igualdade que não existe na verdade. E isso ocorre de forma tão instintiva que mulheres enamoradas negam tal dissimulação e afirmam, ousadamente, que o amor torna igual (ou seja, faz um milagre!). — Esse processo é simples quando uma das duas pessoas deixa-se amar e não acha necessário dissimular, deixando isso para a outra, que ama: mas não há peça teatral mais confusa e impenetrável do que quando as duas se acham em plena paixão uma pela outra e, portanto, cada qual se abandona e quer equiparar-se à outra e fazer apenas como ela: e nenhuma sabe mais, enfim, o que deve imitar, o que dissimular, o que passar por. A bela loucura desse espetáculo é boa demais para esse mundo e sutil demais para olhos humanos.»


Friedrich Nietzsche


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