fevereiro 14, 2015

re.cantiga | valentine's day


« Era as folhas espalhadas, muito recalcadas do correr do ano
A recolherem uma a uma por entre a caruma de volta ao ramo


Era à noite a trovoada que encheu na enxurrada aquela poça morta
De repente, em ricochete, a refazer-se em sete nuvens gota a gota

Era de repente o rio, num só rodopio a subir o monte
A correr contra a corrente assim de trás para a frente a voltar à fonte

Um monte de cartas espalhadas des-desmoronando-se todo em castelo
Era linha duma vida sendo recolhida de volta ao novelo

Era aquelas coisas tontas, as afrontas que eu digo e que me arrependo
A voltarem para mim como se assim tivessem remendo

E era eu, um passarinho caído no ninho à espera do fim
E eras tu, até que enfim, a voltar para mim. »
Miguel Araújo


1 comentário:

  1. Por acaso não conhecia! Adoro o pormenor de se notar o sotaque lisboeta nas músicas dele!

    ResponderEliminar